A Maray conquistou um espaço muito próprio no mundo do calçado, por combinar designs arrojados e conforto inquestionável. A marca acaba de abrir a sua segunda loja em Lisboa, desta vez em Alvalade, e lançou uma nova coleção que é tudo aquilo de que precisávamos para este outono/inverno. Falámos com a Joana Trigueiros, que está à frente da marca, sobre o seu percurso, a Maray e os planos para o futuro.
Joana, conta-nos: como é que passaste de cliente e fã da Maray a proprietária da marca? O que te fez arriscar nesta aventura?
Joana Trigueiros [J.T.]- O facto de ter nascido praticamente numa sapataria de família, a Sapataria Trigueiros, em Torres Vedras, fez com que a minha afinidade por sapatos (que, convenhamos, já não é difícil para a maioria das mulheres) fosse enorme. Como o meu jeito para andar de saltos altos sempre foi, digamos, fraco, apaixonei-me pela irreverência da Maray.
Um dia, enquanto navegava pelo Instagram, vi que a marca iria “ficar adormecida” e pensei: “Oh não! E se...?” Não consegui conter o impulso e, em pleno trânsito na A5, escrevi-lhes uma mensagem a perguntar se teriam interesse em vender a marca. Um mês depois, lá estava eu, lançada na vida de empreendedora, ao mesmo tempo que trabalhava a tempo inteiro na Danone!
A verdade é que, depois de uma vida inteira a trabalhar em multinacionais, sempre sonhei ter um negócio próprio. E porquê inventar algo novo quando podemos apostar num projeto que adoramos e com o qual nos identificamos? A oportunidade estava ali, e eu agarrei-a!

Uma das coisas que mais adoramos na Maray é essa junção fantástica entre irreverência no design e um conforto que faz milagres. Qual é o segredo para encontrar esse equilíbrio?
J.T.- Nem sempre é fácil, mas ajuda trabalhar com peles de qualidade, materiais confortáveis e garantir que testamos tudo para assegurar que funciona, tanto do ponto de vista estético como prático. Para isso, criamos sempre protótipos de modelos e cores, garantindo que a coleção está perfeitamente alinhada e harmoniosa.

A nova loja em Alvalade já está a dar que falar. O que faz deste espaço especial e como é que este novo bairro encaixa na identidade da Maray?
J.T.- O bairro está repleto de pessoas de bom gosto, muitas das quais procuram algo diferente, mas sem abrir mão do conforto para as suas caminhadas pelo bairro ou para o dia-a-dia. Temos sido muito bem recebidos, e a ideia de terem uma loja com produtos que fogem à oferta habitual tem encantado quem nos visita. Este espaço tem-se revelado um verdadeiro “casamento” com as clientes que já nos conheciam e um “namoro com potencial” com aquelas que agora nos descobriram.

A coleção BRAVE AW'24 está um arraso! Cores vibrantes, texturas exóticas e, claro, aquele design irresistível. Qual foi a inspiração para esta coleção?
J.T.- Procurámos trazer cores quentes e tendência, mas que, ao mesmo tempo, fossem versáteis e combinassem com tudo. Quanto aos designs, alguns são mais ousados, enquanto outros têm uma abordagem mais discreta, mas há sempre algo que nos distingue das restantes marcas. Um bom exemplo são as nossas Mary Jane – um modelo que já conquistou o coração de muitos. As nossas destacam-se pela elegância única, graças ao efeito alongado e às peles com pelo que as “vestem”.
Outra das nossas apostas foram os brilhos com textura. Entregar brilho sem sacrificar o conforto é um desafio, mas conseguimos superá-lo com as nossas peles, que são não só lindíssimas, mas também incrivelmente confortáveis.
A Maray é mais do que calçado, é uma marca que empodera as mulheres a cada passo (literalmente!). Como é que a marca consegue inspirar confiança nas mulheres que calçam os vossos sapatos?
J.T.- A mulher que calça MARAY sente-se verdadeiramente especial assim que os coloca nos pés! Sem pretensões exageradas, a irreverência que nos caracteriza é, sem dúvida, um fator distintivo. A nossa história também é algo que partilhamos abertamente. Conto-a frequentemente, e as pessoas reconhecem que este é um projeto com alma – além de ser 100% português e liderado por uma mulher. Todos estes elementos contribuem para criar uma identidade única e autêntica, que ressoa profundamente com quem escolhe a MARAY.

Sabemos que hoje em dia a sustentabilidade está na mente de todos. Como é que a Maray se adapta a esta tendência e incorpora práticas mais conscientes na sua produção?
J.T.- Além de utilizarmos stocks de pele que seriam insuficientes para marcas maiores, minimizamos ao máximo o desperdício, aproveitando praticamente todo o material em cada produção. Os desperdícios que sobram são reutilizados de forma criativa, sendo transformados em elementos que integram outros modelos. Este compromisso com a sustentabilidade faz parte do nosso ADN e reflete a nossa preocupação com um processo produtivo mais consciente.
Não só os sapatos, mas os acessórios da Maray também são de perder a cabeça! Como surgiu a ideia de lançar uma linha de acessórios e como têm sido recebidos pelas clientes?
J.T.- A verdade é que as próprias clientes estavam sempre a pedir-nos algo assim. Sentimos a necessidade de criar um artigo mais fácil de oferecer, especialmente nesta época festiva, já que os sapatos trazem sempre o desafio do tamanho, do modelo, da cor e, claro, das particularidades de cada pé, que são sempre diferentes.

A Maray já está bem estabelecida em dois dos bairros mais icónicos de Lisboa (Campo de Ourique e Alvalade). Podemos esperar mais expansão? Ou novas surpresas no horizonte?
J.T.- Um passo de cada vez. Não queremos ser uma marca massificada; o nosso foco está em crescer de forma sustentada, mantendo a nossa essência. Quanto às surpresas... essas vão continuar no segredo dos deuses, prontas para vos surpreender no momento certo!

Desafio-te a descrever a Maray em três palavras. Quais escolherias e porquê?
J.T.- Fácil: design, conforto e atenção ao cliente. Esta última não uma palavra só mas é impossível não mencionar a equipa que tenho e que está sempre pronta para ajudar em tudo!

Agora, a grande questão: a Maray é conhecida pelos sapatos rasos (e maravilhosos!). Alguma vez pensaste em incluir saltos nas coleções ou o futuro vai continuar "perto do chão"?
J.T.- Sinceramente, acredito profundamente na consistência do posicionamento da marca. Não descarto a possibilidade de criar uma edição especial com um salto que faça mais sentido ou até um tacão de 3,5 cm, que ainda não se qualifica como salto propriamente dito. Mas uma coisa é certa: nunca avançaremos para stilettos. Isso eu garanto.